domingo, 16 de janeiro de 2011

BERILO WANDERLEY - Marize Castro


 Quando um homem parte, mal sabemos o que o aguarda, quando esse homem é um poeta, um bom bebedor de vinho, um apaixonado por uma única mulher, um fazedor de crônicas, amigo de pássaros, achamos que ele virou nuvem e agora passeia pelos céus indiferente aos homens armados de razão e apego. Vozes ecoam dentro de nós. Pertencemos a um mundo onde as pétalas confundem-se com o zinco. Martírio e prazer manifestam-se no dia-a-dia. ­Mas queremos falar de um poeta, Berilo Wanderley, que partiu há dez anos em alguma nave brilhante demais para os nossos olhos de vermelhidão e ventania. Sabemos muito pouco das pessoas quando elas estão perto da gente, mesmo que elas mereçam o nosso respeito e admiração. Berilo foi muito amado, amado pelos amigos, amado por Maria Emilia, sua mulher, amante, ("Berilo foi e é o meu brinquedo"), falou da cidade de Natal com carinho e sutileza, a sutileza dos apaixonados. Um cronista dos dias, das cores, das dores, do amor. Se aqui estivesse Berilo compartilharia deste trabalho feito no Galo. Este jornal feito com o carinho que habita os guerreiros. Porque somos guerreiros, outros românticos que não esquecem que entre sim e o não, há receio de se perder. Mas este editorial era só para dizer que Berilo Wanderley tornou-se nuvem. Ave.
(Marize Castro)

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