terça-feira, 18 de janeiro de 2011

POEMA ÀQUELA QUE NÃO VEIO

POEMA ÀQUELA QUE NÃO VEIO
 
 
Os teus olhos têm uma suavidade
de lenda antiga. Negros! mas sem trevas,
teus olhos para mim não têm abismos.
A eles fui, e só vi coisas tranqüilas.
Sobre eles, andam preces em vigília.
Se os teus olhos enlouquecessem e viessem,
seriam como dois cavalos negros,
atropelando a angústia dos meus olhos.. .

O teu corpo imaturo é de água límpida.
Límpida e tranqüila. Trás do teu corpo
o cheiro íntimo de luxúria ingênua,
ainda não libertada. . . A tua boca
onde alvoradas frescas desmaiaram,
tão cheias do frescor da madrugada,
tem que vir embalar-me, como um cântico ...

Não me trouxeste essa beleza calma,
morna, saudável, despreocupada,
que enche de luar os meus olhos tão turvos,
e que só pelos teus se desfraldaram ...

Se enlouquecesses e me procurasses,
queria que viesses cheia de acácias,
jogadas pelo vento, como palmas.
Um punhado de acácias nos teus seios.
Um punhado de acácias no teu sexo.
Mas, as tardes passaram e as acácias
rolaram pelo chão, inutilmente.. .

(BW) 

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